quinta-feira, 12 de julho de 2007

da idéia ao roteiro, da produção à direção - parte 2



Depois do que eu julgara ter sido a última versão do roteiro, passei a considerar seriamente a possibilidade de filmá-lo.
O caso é que desde dezembro de 2006 eu trabalhava na produtora de cinema de Barão Geraldo Kinostudio – Cinema Digital do escritor e documentarista Renato Tapajós. O trabalho que eu desenvolvia na produtora eram dois: realizar o roteiro do romance “Em câmera lenta”, do própria Renato e trabalhar como um “desenvolvedor de projetos”. Isso significava que eu iria inscrever os projetos da produtora em editais e concursos para tentar captar recurss financeiros para filmá-los.
Na ocasião a produtora havia recém adquirido alguns novos equipamentos e em uma das nossas conversas o Renato manifestou o desejo de filmar um curta metragem. Esse curta teriam duas funções fundamentais:
1 – Testar os equipamentos da produtora em diversas situações de luz e captação;
2 – Iniciar uma nova etapa na produtora, que até então desenvolvia projetos de documentários e institucionais mas não de ficção. Esta nova etapa era justamente de iniciar a produção de ficções, que até onde eu pude entender era um namoro antigo do próprio Renato.

Foi do Julio Matos, que também trabalha na produtora como diretor de documentários, de aproveitar meu projeto de curta no projeto da produtora.
Foi dele também o trabalho de convencimento para unir estas duas propostas.

Para minha grande satisfação a idéia foi acatada. À partir daí teve início um longo período de acertos e acordos, principalmente no que dizia respeito ao roteiro. A sinopse do filme até aquele momento poderia ser entendida como “é melhor roubar do que se fuder”, ou ainda “se você estiver sem trabalho, sem dinheiro e sem possibilidades de ter os dois em um curto espaço de tempo, considere que roubar não é algo tão detestável assim”.
O caso foi que o Renato Tapajós e a outra dona da produtora, Marema Valadão definitivamente não entendiam a questão da mesma forma que eu.
Ambos tendo vindo de uma tradição profundamente socialista, de movimentos sociais, eles defendiam a idéia de que grandes transformações só poderiam ser feitas à partir das massas e que não havia absolutamente nada de interessante em meu argumentos, uma vez que o que eu propunha era abordar uma ação de certa forma individual no trato com a “distribuição de renda”, devendo, pois, ser alterado meu roteiro.
O que eu tentava colocar em minha história eram duas coisas distintas: a primeira dizia respeito a maneira cruel e irresponsável que os meios de comunicação, rpincipalmente a tv colocam a questão do consumismo, vendendo por preços absurdos a idéia de que qualquer um pode adquirir qualquer coisa. A segunda dizia respeito não tanto a uma ação política e social por parte do povo, mas de uma reação de indivíduos do povo que, não sendo burros ou estúpidos, reagiriam aquele estímulo, refletiriam suas con dições e no limíte poderiam chegar a soluções violentas para o terrível impasse que sondava constgantemente suas vidas. Como combater sua própria miséria. Neste sentido, eu argumentava, a violência, o roubo, o sequestro e até em certa medida o crime organizado poderiam se entendido como uma manifestação política, ou no mínimo uma reação natural e legítima à desigualdade social.
No entanto eu julguei na ocasião resolver a equação interesses da produtora X interesse do autor, chegando a um acordo da maneira mais satisfatória possível. Assim resolvi em defesa de meu filme modificar o roteiro.
Foi do próprio Renato a idéia de incorporar à história não só a televisão em si, mas o fenômeno de mídia, ou em entras palavras, a maneira com que os meios de comunicação abordavam a violência. Como a tv, de maneira a defender fundamentalmente interesses privados de grandes coorporações, trata de maneira irresponsável fenômenos sociais e transformam em última instância violência em espetáculo, espetáculo em medo e medo em dinheiro.
Basta ver por exemplo o BOOM de condomínios fechados em Barão Geraldo. Pessoas que procuram esconderijo atrás de muros...

Continuo a questão em uma terceira parte.

Voltando a produção, tive um pequeno problema felizmente quase resolvido com a locação do Anderson e da Rita, o casal que protagoniza meu filme. O Rodrigo Toledo, meu fotógrafo não gostou da locação. Ele achou basicamente que a casa não represnetava, em termos de arte, o que poderia ser de fato a casa do meu personagem. Além disso também achou que a locação não tinha profundidade de campo suficiente para uma boa imagem. “tudo fica muito apertado. O que nosso olhos vêm é muito diferente daquilo que a câmera vê”. Assim passei a considerar a busca de outra locação.
Acho que uma das coisas boas deste filme está sendo a antecedência com que o estamos produzindo. Isso nos permite esse tipo de trabalho. Procurar com calma locações, criar e pensar em cima da arte e da fotografia.
Assim fui eu ontem mais uma vez procurar outras locações para o casal Anderson e Rita. Achei duas casinhas, no mesmo bairro (o bairro da locação é importante, pois a proximidade com uma terceira locação, o bar do Pedrão – outro personagem – iria facilitar o trabalho de produção. Ou eu encontrava uma casa para os protagonistas no próprio bairro de São Marcos ou eu encontrava um outro Bar do Pedrão próximo da nova casa do Anderson). Gostei das duas casinhas. Abaixo segue também suas fotos.

O elenco está fechado e neste sábado teremos o primeiro ensaio. Fotos dos atores também serão incluídas neste blog para apreciação.

Até breve.

Hidalgo Romero

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